domingo, 21 de novembro de 2010

Asa Partida


Em muitas tentativas de voar acabei me machucando
Como dói à queda do céu pro mar
Bola de canhão que explode e mata sem se importar a quem
Sem pedir licença, cai.

Não sei se numa cabeça, não sei se foi no nada
Nem sei se me acharam
No mínimo me procuraram
Quando eu cai fez um "bum" danado
Foi impacto, doeu por ser forte e veloz
Destrói tudo pela frente como jato de fogo
O corpo que pesa na queda, cai

Abrindo passagem vai no caminho
Os dedos apontam no sentido da queda de quem tentou voar.

O jato cegou os óculos escuros que se levaram para olhar
Entre monte, céu e mar algo se despedaçar
De longe logo vem vindo, de uma queda serena sem drama de quem cai nos braços do mar.
Depois afoga-se por não saber nadar.
O mar abriga o que o céu não quis
Engole o corpo que a rapidez esquentou e o vento amenizou
A queda que de longe iria planar.
O pouso que feito seria no mar, sem nadar ao mar levar.

O oficio das construções de asas no fundo da capela à beira mar
Deixou num acidente linha solta, bamba...
Desfiou no vôo.
No caminho saem os pássaros, no caminho se mata uma pipa
Para a infelicidade dos meninos aprendizes dos pescadores
Que assustados temeram a asa partida
Desmaiada na praia, temeram.

Para a saia das mães correram chamando por socorro
Aliás: "que bicho é esse, mãe, que nem vem do céu nem vem do mar?"
É bicho metido a saber voar sem saber nadar
É bicho fino, leve. Que o céu carrega e o oceano engole.
A asa quebrada agora terá que pescar
Viver de arte e de pão, não mais de água e ar

Tentando partir para liberdade aérea caiu em terra
Costumes para crer, que ali não será mais bicho que voa e afoga.
A asa partida carrega nas costas o sonho perdido e o sorriso da humildade quase banguela
Vivendo da vida, e não mais do céu.

(Mila Bezerra - 21/11/10)

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