O governo de Fernando Collor de Mello (1990 - 1992)
Já na campanha eleitoral, Collor prometia modernizar o Brasil, e sua figura jovem, como de alguns dos seus ministros, forneciam suporte aos seus discursos. Por modernização, Collor entendia a diminuição do papel do Estado, e defendia assim o livre mercado, abertura de importações, fim das privatizações e dos subsídios. O novo presidente estaria então adequando o Brasil à uma nova realidade do neoliberalismo mundial.
O Plano Collor, divulgado dia seguinta a posse e adotado imediatamente, representava uma mistura de elementos monetaristas que tentava evitar os problemas do Plano Cruzado. Reintroduzia o padrão monetário do cruzeiro e instaurava o congelamento dos preços, seguindo de gradual liberalização e livre negociação dos salários. Para evitar o deslocamento de recursos da poupança para o consumo (o que forçava a elevação dos preços), promovia o confisco de todas as contas correntes, poupanças e demais investimentos que excedessem a quantia de 50 mil cruzeiros.
Preconizava o violento corte nos gastos públicos, começando pela demissão de funcionários do governo e pelo aumento generalizado de impostos. Era anuniciada as privatizações, assim como a diminuição dos impostos de importação, o que estimulava as compras no exterior.
A princípio o Plano Collor obteve a queda da inflação e a contenção do consumo, mas logo em seguida o país se afundou em profunda recessão. Queda no nível da atividade industrial com a concorrência estrangeira, o que agravou o quadro social e multiplicou as demissões.
Em janeiro de 1991, foi lançado o Plano Collor II na tentativa de reforçar o sempre frustrado combate a inflação. Novamente houve a tentativa de congelamento dos preços e salários, elevaram-se brutalmente a taxa dos juros com o objetivo de estimular a poupança e desestimular os novos negócios. Esse fato manteve o nível de atividade econômica muito baixo, de modo a força a queda dos preços.
Assim começava a ficar claro o descaso do governo com o dinheiro público, manifestado pela concessão de benefícios a grupos privados e ao próprio presidente da República. Naquele ano foram feitas denuncias segundo as quais Paulo César Farias (tesoureiro da campanha presidencial) estaria pressionando presidentes de estatais (no caso, da Petrobras) para a realização de negócios contrários aos interesses da empresa (pública), favoráveis a grupos particulares.
Em maio de 1992, declarações de Pedro Collor (irmão do então presidente) revelavam aquilo que a mídia estava procurando alcançar: que o ocupante do mais alto cargo do executivo nacional estaria se beneficiando das operações financeiras obscuras coordenadas por PC Farias.
Em junho de 1992 o Congresso Nacional instalou uma CPI que logo apurou o funcionamento do chamado "esquema PC", com o empresário comandando um mecanismo pelo qual outros homens de negócios forneciam dinheiro em troca de favores governamentais. O dinheiro obtido era enviado para o exterior em dólares e depositados em paraísos fiscais. De volta ao Brasil, os valores eram depositados em contas fantasmas (abertas por pessoas com nomes fictícios) que dirigiam o dinheiro para as contas pessoais de membros do governo, incluindo parlamentares e a própria família de Collor.
O presidente que pregava austeridade, cortava os gastos do governo, arrochava salários e ampliava o número de brasileiros desempregados, vivia luxuosamente de dinheiro sujo, conforme as denúncias e investigações provavam. O "caçador de marajás" revela-se o maior de todos eles. A mobilização da sociedade brasileira rumo ao impeachment levou PC Farias a fugir do país, logo após decretada sua prisão.
Quanto a Collor, iludido pelos milhões de votos obtidos nas eleições de 89 e vítima do mito que ele mesmo havia criado, ignorava a crescente mobilização popular. No dia 16 de setembro havia convocado uma manifestação em seu apoio pedindo que as pessoas vestissem verde e amarelo. Naquele domingo, de fato, milhões de brasileiro sairam às ruas vestidas de preto e pedindo o impeachment de Collor.
Em 29 de setembro de 1992 a Câmara dos Deputados decidiu pelo afastamento do presidente Fernando Collor por 441 voto a 38. Estava fora o presidente que a globo chegou a nomear (nas pesquisas contra Lula) como o mais competente.
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