quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Marilena Chauí



"A lógica da política nada tem a ver com as virtudes éticas dos indivíduos em sua vida privada. O que poderia ser imoral ao ponto de vista ética privada pode ser virtù na política."
"O ethos político e o ethos moral são diferentes e não há fraqueza maior do que o moralismo que mascara a lógica real do poder."
(2000, p. 379)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A falência juvenil


Entre todas as séries de TV que assisto, ou já assisti (Gilmore Girl's, Bones, Friends, White Collar, V, Californication, Glee, The Big Bag Theory, 24h) The O.C. com certeza é uma que me prende e que eu cultuo até hoje. Produzida pela Warner (5 de agosto de 2003), The O.C. vai além do fato de ser uma série americana sobre adolescentes e uma vida da elite de uma pequena cidade da Califórnia.
Se assistida sempre levando em conta as várias temáticas que a série aborda (diferenças de classes sociais, adolescentes problemáticos, drogas, sexualidade, violência e valores familiares) a série vai se tornando uma bola de neve de uma realidade séria, sendo além de meras "picuinhas" de um retrato do entretenimento televisionado.
Estou revendo a série, e também alguns comentários dos internautas sobre a mesma. E o que mais me chamou a atenção são os comentários com respeito a personagem Marissa Cooper (Mischa Barton). Adolescente popular, vinda de uma família da elite de Newport Beach, Marissa tem tudo para seguir a diante uma vida de ascensão social. Mas a realidade muda e desmorona até nas melhores famílias. Jimmy e Julie Cooper não fazem muito bem o papel de pais exemplares para Marissa, e é em casa que ela começa a decair.
Envolvida com drogas, Marissa Cooper protagoniza um dos maiores dilemas da vida adolescente: não ter estabilidade emocional para combater os dilemas que a vida trás. Os telespectadores apenas fazem comentários ridículos denegrindo uma imagem já denegrida, sem muitas vezes ver o que há por trás dela. Não é só ter bens materiais e uma vida de princesa que uma pessoa viverá no país das maravilhas, Marissa é um exemplo de que todo o materialismo não ensina as pessoas questões sobre valores humanos. Talvez por isso desagradasse tanto.
Vivendo numa família de fachada e cheia de mentiras, a personagem de Mischa Barton, que deveria está aprendendo a como lidar com a popularidade e achando que a vida é uma maravilha, vê seu castelo ruir quando descobre um pai falido e uma mãe extremamente consumista que não consegue equilibrar a estrutura familiar quando descobre que o poder financeiro veio abaixo.
Rodeada de mentiras, sujeita a muitas liberdades e vários tipos de relações desestruturadas, Marissa, como todo adolescente frágil e inexperiente não consegue aceitar a situação com maturidade que não lhe foi ao mínino ensinada. Ela recorre ao que muitos jovens em quaisquer classes sociais recorreriam se não possuem uma estabilidade psicológica: aos escândalos. Rebeldia com doses de revolta, revolta com doses de drogas.
Marissa Cooper não fez o papel da mocinha chorona e chata como muitos pensam, ela é o exemplo do que quero chamar de falência juvenil. O poder financeiro muitas vezes trás aos jovens muitas liberdades, e estes aceitam seus cartões de créditos ilimitados e, acostumados a vida dos prazeres capitais, se tornam pessoas frágeis. A porta dos escândalos se abre e o mundo que lhe espera quando a maturidade chega de repente com a noticia da falência é justamente o da decadência pessoal.
Isso acontece em várias famílias, onde, quando o jovem não é ensinado a agir com maturidade qualquer mudança de vida é porta aberta para o declínio social. Na moderna vida em que estamos sujeitos, muitas vezes os valores humanos são postos em segundo plano quando a força capitalista se faz presente. Os valores materiais se sobrepõem e assim, algumas famílias abrem mão de uma educação firme por uma felicidade visada ou mastercardizada. E de fato, quando os valores socioeconômicos são atacados (aqueles que foram colocados como prioritários a uma vida feliz) a organização familiar, se for estruturada apenas por valores materiais, vem a baixo.
Marissa Cooper protagoniza essas fases da vida de alguém que não foi ensinada a ter uma estabilidade emocional. Enquanto era alguém pertencente às boas imagens da high society não passava da garotinha fútil, e quando o casamento dos seus pais começou a ser abalado assim como a união da família ao qual pertencia (até então unida pelos valores capitalistas) teve que aprender sozinha a lhe dar com uma realidade da vida além daquela de prazeres financeiros. Isso explica os abalos e os escândalos não só da personagem, mas de muitos indivíduos que tem que aprender de repente os valores humanos de uma vida sem altos valores econômicos.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O isolado

Aproveitando esse período eleitoral no Brasil para tratar de um fenômeno que intriga por tamanha representação de um senso comum social: o apolítico. Os próprios dicionários remontam a imagem que o ser apolítico seja alguém que não participe de política ou que não simpatize com esta.
Desde a fundação de qualquer organização social, que os títulos políticos fazem parte de qualquer condição de sociabilidade. O pior é que o senso insiste numa concepção muito frágil sobre se abster da política (no sentido eleitoral) e usam a desculpa de uma apoliticidade sobre forma de qualquer protesto eleitoral.
Sociologicamente falando, quando nós vemos envolvidos em qualquer convívio de natureza social estamos por conseqüência ligados aos paralelos de uma vida política. Existe então uma relação recíproca quanto a este ponto onde, a organização de uma ou qualquer sociedade depende de convenções políticas e a política só sobrevive por meio da sociedade. É basicamente o que propõe Franz Boas: "o individuo é produto da cultura, assim como a cultura sobrevive do individuo.”
Agora, radicalmente falando, não existe um ser apolítico que viva em sociedade. O apolítico, socialmente falando, é um elemento isolado então de qualquer condição social. Partindo da premissa que as sociedades complexas que se fazem dependentes de mecanismos para sua subsistência como fatores econômicos, políticos e sociais, fica errado afirmar que exista uma apoliticidade social.
O que o senso comum deve então fazer é procurar uma nova nomenclatura (fortificada) para o efeito de tentar se abster dos processos eleitorais e/ou políticos, já que o apolítico é tido, como alguns cientistas políticos e sociais consideram, o homem nu, despido de qualquer consciência social e envolto apenas as questões biológicas. Mas enquanto estiver envolvido nas complexidades sociais, é incoerente qualquer nominação ou auto-nominação de que seja considerado um apolítico.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Meus Antropólogos - parte I


“O papel do antropólogo é tentar preencher o abismo entre ciências humanas que jamais souberam que o homem é um animal, ciências naturais que querem esquecer que o homem tem uma consciência, e ciências sociais que se limitam a repetir teorias físicas fora de moda”.
(Margaret Mead)

domingo, 12 de setembro de 2010

Viciado em Vírgulas

Vi, e vejo, no vento e velejo,
viajante no vácuo vou e venieio
o que foi vivido, vigio e valorizo,
mas vamos vagando como vultos vagabundos,
o vício que vanguarda a ventania violênta,
é o mesmo que me volta voando,
o vazio me vigora de virtude,
a virtude me vencia de vitória,
as vírgulas me vingam de vãs vaidades,
e vi as vírgulas que me viciaram e vivem,
fazer valer cada vintem.

sábado, 11 de setembro de 2010

Um triste aniversário


Há nove anos estava eu na 6ª série do ensino fundamental. Estávamos todos da "6ª B" na sala de vídeo do Educandário Santa Teresinha (Colégio da Congregação das Filhas do Amor Divino - PRONEVES). Era aula de inglês, o professor Bira havia saído e ido até a coordenação. Rígido, não gostava quando os alunos ficavam o esperando do lado de fora da sala, voltava então correndo em direção a sala que nós estávamos.
O medo da turma é que ele viesse para dar um flagra e castigar quem estivesse esperando do lado de fora. "Liguem a TV, os Estados Unidos está sendo atacado!" dizia o professor tomando fôlego.
Lembro que meus olhos ficaram vidrados, a tragédia estava sendo reportada ao vivo. Não lembro a hora certa, mas sei que estávamos no ultimo horário de aula. A primeira torre do World Trade Center ainda de pé, mas já em chamas. As pessoas se jogavam dos altos andares na esperança de se salvarem, o povo chorava nas ruas.
Achamos que estaria tudo terminado, e as torres gêmeas iram se transformar em "irmãs únicas". Deu o toque para irmos para casa, às aulas haviam acabado e quando pensamos em ir embora o segundo avião atingiu a segunda torre. Achei que estava vendo um drama público, que aquilo tudo fosse algo de Hollywood. Antes fosse! Eu, que tinha 12 anos de idade ainda pensei que fosse um trote norte-americano com uma inocência de quem mal sabia o que estava acontecendo; mal sabia quem era Bush, quem era Osama e nem conhecia todo o conflito dos EUA com os árabes.
Passei dias ainda ligada naquele dia em que sai uma hora mais tarde do colégio, vendo a tragédia pela televisão e revistas.
Hoje, justamente nove anos depois da tragédia acordei lembrando-me do fato que me deixou atenta por dias e fato pelo qual acredito ser muito difícil de esquecer.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Sunshine


Eu bem que fico sonhando em um dia que haja uma realidade unificada em que possamos ver nossos opostos como iguais, e que podemos aceita-los como são.
Onde paramos de apontar os outros como imbécis lógicos, e sem fazer conclusões sem fundamentos.
Chegará assim o dia em que a luz transbordará por uma fenda, e as nuvens cinzas iram limpar toda a cegueira. Cairá do ceú toda a poeria com a força da luz do Sol.