sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O isolado

Aproveitando esse período eleitoral no Brasil para tratar de um fenômeno que intriga por tamanha representação de um senso comum social: o apolítico. Os próprios dicionários remontam a imagem que o ser apolítico seja alguém que não participe de política ou que não simpatize com esta.
Desde a fundação de qualquer organização social, que os títulos políticos fazem parte de qualquer condição de sociabilidade. O pior é que o senso insiste numa concepção muito frágil sobre se abster da política (no sentido eleitoral) e usam a desculpa de uma apoliticidade sobre forma de qualquer protesto eleitoral.
Sociologicamente falando, quando nós vemos envolvidos em qualquer convívio de natureza social estamos por conseqüência ligados aos paralelos de uma vida política. Existe então uma relação recíproca quanto a este ponto onde, a organização de uma ou qualquer sociedade depende de convenções políticas e a política só sobrevive por meio da sociedade. É basicamente o que propõe Franz Boas: "o individuo é produto da cultura, assim como a cultura sobrevive do individuo.”
Agora, radicalmente falando, não existe um ser apolítico que viva em sociedade. O apolítico, socialmente falando, é um elemento isolado então de qualquer condição social. Partindo da premissa que as sociedades complexas que se fazem dependentes de mecanismos para sua subsistência como fatores econômicos, políticos e sociais, fica errado afirmar que exista uma apoliticidade social.
O que o senso comum deve então fazer é procurar uma nova nomenclatura (fortificada) para o efeito de tentar se abster dos processos eleitorais e/ou políticos, já que o apolítico é tido, como alguns cientistas políticos e sociais consideram, o homem nu, despido de qualquer consciência social e envolto apenas as questões biológicas. Mas enquanto estiver envolvido nas complexidades sociais, é incoerente qualquer nominação ou auto-nominação de que seja considerado um apolítico.

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