quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Romantismo Político


“Micarla quer se reeleger prefeita da cidade de Natal (RN) com 90% de reprovação. Será que consegue?” Eu digo que sim. Isso não está somente na má campanha de sua gestão, mas é aquilo que o brasileiro bem conhece no exercício político eleitoral de esquecer e não olhar para o passado.

Depois do caos no começo dos anos 90, o presidente Collor impugnado do mandato por pressão popular volta anos depois como senador. Não acho impossível que o mesmo ocorra com a prefeita Micarla de Sousa. O dom político da demagogia é o que possibilita que esses fenômenos abigobalíssimos ocorram, isso porque o político que pretende alcançar o poder já viu que o povo não gosta que represente em suas campanhas a realidade nua e crua (dados, estatísticas, números e feitos), mas o que acontece é um show de novelas e dramaturgia, onde o discurso é moldado baseando-se naquilo que o povo quer ouvir.

O típico discurso Malufiano onde tudo de errado poder ter sido feito, mas que no fim das contas são cegadas quando se prega a questão do trabalho que o povo tanto idolatra: “Roubei, mas eu trabalho!”

#ForaMicarla, ocupação na câmara dos vereadores, as passeatas que mobilizaram e deram o que falar em Natal não serão esquecidas, tanto quanto foi o impeachment de Fernando Collor, mas que o povo se deixará iludir quando a filha de Carlos Alberto de Sousa abrir a boca para falar dos valores da instituição familiar ao seu favor, e acoplando isso as quimeras de ações políticas, eu não tenho dúvidas.

O que falta então, o lançamento de uma proposta de educação eleitoral sólida, ensinar mesmo ao povo a não cair em suas contradições políticas, e parar de ver o horário eleitoral como novelinha das necessidades perdidas. Vimos isso muito bem quando nas eleições presidenciáveis passada teve candidatos que enfatizaram a família e a religião, quase não colocaram o Brasil de fato, iludindo muita gente. Quem gritou revolução perdeu fácil, e quem chorava a institucionalidade da família, das Igrejas e da sexualidade, acima da realidade nacional quase botou a funcionalidade de projetos políticos a perder.

Falta de educação, falta de racionalidade política. Vi gente mediana defendendo determinados candidatos por sua constitucionalidade crítica e política, e vi uma gente de bairros periféricos defendendo candidatos que na realidade não trabalham por causas sociais, e sim puramente capitais, defendiam candidatos indiscretamente neoliberais em oposição à incerta opção sexual.

O povo precisa saber em quem votar não somente a partir da constituição do discurso eleitoral e seus fascínios demagógicos, educação eleitoral para estudar quem são, constituição partidária, funcionalidade política, aplicabilidade democrática, projeções econômicas e pretensões sociais.

Enquanto uns se iludem de um lado, eu vou aqui com minhas quimeras políticas. Sonhando com a institucionalização de um povo educado politicamente, crítico e combatentes das alienações demagógicas. A democracia sendo feita num nível alto de instrução. Ah, que doce ilusão a minha.