Chegar em casa, depois de um exaustivo (ou não) dia e lá está aqueles olhinhos castanhos, aquela face carente, aquela cara de pidona me faz esquecer de todos os dilemas da vida. E lá vem aquela coisa peluda preta me receber, chorando por um carinho, saltitando, correndo, o toco do rabo balança felizmente, senta, segue, corre, se deita no chão: se for com a cabeça no chão é pra alisar a cabeça, se for com as patas abertas é pra alisar a barriga.
Que mãe não conhece as manhas da filha? Pois é, eu conheço bem a do meu bebê, filhote, minha fofolete, meu estrupício para os momentos que ela tenta ser rebelde e desobediente. Mas, uma boa filha... Uma boa cadela.
Chegou lá em casa trazida pelo meu pai numa manhã de setembro. Estava abandonada, fedia muito, tinha muitos carrapatos. Levando ao veterinário descobrimos que havia nascido entre 28 e 30 de agosto. Logo foi decidida a data do aniversário: 30 de agosto! Mesmo dia do aniversário do meu pai. Eu dava seu banho quando era novinha, e ficava depois se tremendo de frio. Nessa hora minha mãe a colocava na rede pra que pudesse se aquecer. Cavava buracos enormes no quintal e matava plantas quando estava chateada. Ouve até hoje, quando a metros de distância, chega o carro daqui de casa, da uma choramingada antes e vai esperar quem quer que seja de casa na porta, para que não se corra o risco de alguém entrar sem alisa-lá.
É amiga de alguns gatos da vizinhança, atualmente namora um cachorro do vizinho, o Beethovem, mesmo que o Pingo a paquere. Mas voltando a infância, era mais ativa, queria correr, mas as patas de trás eram mais rápidas... Terminava capotando. À tarde, dormia debaixo da cama dos meus pais, pulava dentro da minha rede o na cama da minha irmã pra nos acordar. Tinha ciúmes do tapete da sala, era grande, fofo e verde, e quando ela estava lá ninguém podia se aproximar. Roubava o cesto de alho, o ralo do lavabo. Destruía vassouras de pêlo novas, chinelas, meias. Uma mania ela puxou a mim, que desde muito nova come com a frescura pra não se sujar. Já chegou até a comer de garfo (inda bem que essa fase passou).
Passeia com o volico (avô, no caso o meu pai) duas vezes por dia. As vezes dá um 'pitú' nele e sai correndo, fazendo-o correr atrás. Volica (avó, também minha mãe) faz carne assada pra ela, ou uma carninha só na água com sal tá bom. Não deixa ninguém roer osso de frango, costela e etc. Tem que deixar um pedaço de carne para Lupi, à tarde, quando sente o cheiro do café que minha mãe toma já sabe que pode ganhar algum biscoito. Mas Lupi não me chama de mãe, nem minha irmã de tia... Pra ela somos Tatá (eu) e Dudu (minha irmã, Ana).
Alise muito esse ser, dê carinho e cabimento, um prato de comida (de preferência carne, porque é meio chata para comer ração), o colchão limpo, banho no pet e passeio duas vezes ao dia. Está mais que feliz e já é o bastante. E se tiver que dormir nos fins de semana com meu pai tocando violão, ai sim está no céu.
Lupi, quando eu chego em casa e olho pra esse focinho preto, esses olhos castanhos olhando para mim e essa cara de dengo penso: aqui estou em paz! Você é minha terapia, minha desintoxicação! Você é a ruindade que eu gosto tanto de judiar, de te deixar de patas pro ar. Porque no dia em que você não me morde quando estamos brincando, eu não consigo dormir!
"Um cão não precisa de carros modernos, palacetes ou roupas de grife. Símbolos de status não significam nada para ele. Um pedaço de madeira encontrado na praia já serve. Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Um cão não se importa se você é rico ou pobre, educado ou analfabeto, inteligente ou burro. Se você lhe der seu coração, ele lhe dará o dele. É realmente muito simples, mas, mesmo assim, nós humanos, tão mais sábios e sofisticados, sempre tivemos problemas para descobrir o que realmente importa ou não!" (John Grogan)
Menina adorei o seu blog....
ResponderExcluirAgradeço, Nise!!
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