segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Maria Gadú - Dona Cila


Além de ser linda, essa música trás uma mensagem pessoal da cantora (Maria Gadú) muito forte. Uma canção composta inspirada na sua avó. E no video uma linda mensagem de laço humano na alma e na pele.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Moderna vida mixofóbica

"Há coisas que os arquitetos e urbanistas podem fazer para que a balança entre mixofobia e mixofilia possa em favor desta última (tal como, por ação ou omissão, eles contribuem no sentido oposto). Mas há limites ao que podem conseguir agindo sozinhos e baseando-se unicamente nos efeitos de suas próprias ações.
As raízes da mixofobia - aquela sensibilidade alérgica e febril aos estranhos e ao desconhecido - jazem além do alcance da competência arquitetônica ou urbanística. Estão profundamente fincadas na condição existencial dos homens e mulheres contemporâneos, nascidos e criados no mundo fluido, desregulamentado e individualizado da mudança acelerada e difusa. Não importa que significado possam ter, para a qualidade da vida diária, a forma, a aparência e a atmosfera das ruas das cidades, assim como o uso que se faz dos espaços urbanos - esses são apenas alguns dos fatores (e não necessariamente os principais) que contribuem para aquela condição desestabilizadora que gera incerteza e ansiedade.
Mais que qualquer outra coisa, os sentimentos mixofóbicos são estimulados e alimentados por uma sensação de insegurança esmagadora. Homens e mulheres inseguros, incertos de seu lugar no mundo, de suas perspectivas de vida e dos efeitos de suas próprias ações, são mais vulneráveis à tentação mixofóbica e mais propensos a caírem em sua armadilha. Esta consiste em canalizar a ansiedade para longe de suas verdadeiras raízes e descarregá-la sobre alvos que não se relacionam às suas fontes . Como resultado, muitos seres humanos são vitimizados (e no longo prazo os vitimizadores atraem, por sua vez, a vitimização), enquanto as fontes da angústia permanecem protegidas da interferência, emergindo sãs e salvas dessa operação.
A consequência é os problemas que aflingem as cidades contemporâneas não podem ser resolvidos reformando-se os próprios centros urbanos, por mais radical que sejam a reforma. Não há, permitam-me repetir, soluções locais para problemas gerados globalmente. O tipo de "segurança" oferecido pelos urbanistas não pode aliviar, muito menos erradicar, a insegurança existencial reabastecida diariamente pela fluidez dos mercados de trabalho, pela fragilidade do valor atribuído a habilidades e competências do passado ou que busca adquirir no presente, pela reconhecida vulnerabilidade dos compromissos e parceirias. As reformas urbanas devem ser precedidas de uma reforma das condições de existência, já que estas determinam o sucesso daquelas. Sem essa reforma, confinados à cidade, os esforços para sobrepujar ou desintoxicar as pressões mixofóbicas tendem a continuar sendo apenas paliativos - com muita frequência, tão somente placebos.
Isso deve ser lembrado não para desvalorizar ou reduzir a diferença entre a boa e a má arquitetura, ou entre planejamento urbano adequado e inadequado (ambos podem ser, e frequentemente são, de enorme importância para a qualidade de vida dos habitantes das cidades), mas para colocar a tarefa numa perspectiva que inclua todos os fatores decisivos a fim de se fazer e sustentar a escolha certa."

Bauman, Zygmunt. Amor Líquido - Sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro.,Ed. Jorge Zahar, 2004.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Se é melhor ficar só


Pensar consome muito de nós. Isso porque nossa mente nunca para. É uma academia lotada e movimentada, cheia de pessoas andando, batendo, mexendo e falando. Nossa mente é mesmo assim, cheia de gerúndios.
De repente, assim do nada, uma conspiração do tempo e algo acontece com a gente, e assim continuamos pensando. Continuamos no gerundismo do verbo pensar.
E vem em mente os vários "e se" da vida, e lá vêm mais algumas doses de pensamento. Reflexão que algumas vezes nos fazem calcular: “E se eu fizesse justamente o contrário?"; pensar somado ao "e se". Reflexão, dúvidas e momentos de auto-analise que consomem nossos neurônios. E a mente vai se virando como uma jogada do cubo mágico.
Algumas dessas reflexões não são muito bem feitas porque estamos a todo tempo rodeados de pessoas que nos dizem o que fazer, que nos dizem o que deixar de ser. As pressões, as invasões e aos poucos as pessoas lhe dizem palavras como: "medo, felicidade, insegurança, sentimentos." Essas peças do cubo mágico nunca irão se alinhar se ficarmos sempre expostos a quem possa fazer bagunça.
É nessas horas que antes de dormir muita gente pensa coisas antes de pegar no sono, imaginam coisas ou até conversam sozinhas no interior da escuridão do quarto; é nessas horas que as dúvidas vão se apagando com o fechar dos olhos cansados. E tudo o que se precisava a todo instante era uma oportunidade de ficar sozinho.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Franz Boas


"O ocuparmo-nos de culturas vivas criou um mais forte interesse pela totalidade de cada cultura. Sente-se cada vez mais que quase nenhuma feição cultural é compreensível quando separada do conjunto de que faz parte. A tentativa de conceber toda uma cultura como se ela fosse controlada por um único grupo de condições não resolvia o problema. O abordá-lo formalistamente sob o ponto de vista puramente antropogeográfico, económico ou outro parecia fornecer representações deformadas.
O desejo de captar o sentido de uma cultura como um conjunto, leva-nos a considerar descrições de comportamento estereotipado apenas como uma alpondra que nos conduz a outros problemas. Devemos compreender o indivíduo como um ser que vive na cultura; e a cultura, como vivida pelos seus indivíduos. O interesse por estes problemas socio-psicológicos não se opõe de modo algum ao ponto de vista histórico. Pelo contrário, revela processos dinâmicos que têm actuado em modificações culturais, e habilita-nos a apreciar testemunhos obtidos por uma comparação pormenorizada de culturas aparentadas.
Em virtude do carácter do material, o problema da vida cultural apresenta-se muitas vezes como o problema da interrelação entre vários aspectos de cultura. Em certos casos este estudo conduz a uma apreciação mais correcta da intensidade de integração ou da falta dela em uma cultura. Torna perfeitamente claras as formas de integração em vários tipos de cultura, o que prova que as relações entre diferentes aspectos da cultura seguem os padrões mais variados e não se prestam, com proveito, a generalizações. Mas raramente conduz, e quando o faz, só indirectamente, a uma compreensão da relação entre indivíduo e cultura.
Isso requer que se penetre profundamente no espírito da cultura em questão, que se trave conhecimento com as atitudes que controlam o comportamento do indivíduo e do grupo. (...)
Como a autora põe em relevo, nem todas as culturas são definidas por um carácter dominante, mas parece provável que quanto mais íntimo é o nosso conhecimento do impulsos culturais que determinam o comportamente do indivíduo, tanto mais reconheceremos que nelas dominam certos refreamentos de emoção, certos ideais de conduta, que explicam atitudes que a nós se nos apresentam como anormais quando vistas do ponto de vista da nossa civilização. A relatividade do que se considera social ou associal, normal ou anormal, aparece-nos agora a uma nova luz."

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Aos solteiros e desapegados


por Zygmunt Bauman¹

"A definição romântica do amor como 'até que a morte nos separe' está decididamente fora de moda, tendo deixado para trás seu tempo de vida útil em função da radical alteração das estruturas de parentesco às quais costumava servir e de onde extraíra seu vigor e sua valorização."

"Eros não quer sobreviver à dualidade. Quando se trata de amor, posse, poder, fusão e desencanto são os Quatro Cavaleiros do Apocalipse. (...) quando se entra num relacionamento, as promessas de compromisso são 'irrelevantes a longo prazo."²

¹Sociólogo e Professor das Universidades de Leeds e Varsóvia.
²Trechos do livro: Amor Líquido - Sobre a fragilidade dos laços humanos. Bauman, Zygmunt. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 2004.

domingo, 15 de agosto de 2010

Senso Comum

Segundo Wikipédia: Senso comum (ou conhecimento vulgar) é a primeira suposta compreensão do mundo resultante da herança fecunda de um grupo social e das experiências atuais que continuam sendo efetuadas. O senso comum descreve as crenças e proposições que aparecem como normal, sem depender de uma investigação detalhada para alcançar verdades mais profundas como as científicas.
E durante um lapso de memória na aula de Teoria Antropológica I me pego pensando sobre esse fenômeno social que é o senso comum, ao mesmo tempo em que penso que nem todas as cabeças pensam iguais, e o senso pode não ser tão comum assim. Relativizando as coisas, somos um grupo de maquinas programadas e ensinadas a adotar para as distintas personalidades os mesmos modos de agir, ou a ação programática normal.
Mas aprofundando um pouco mais percebo que não existe uma receita que permita apontar com certeza o mais comum dos sensos. Que até aqueles que usam e reconhecem os aprofundamentos das ciências do homem podem ser um senso comum. Aliás, podem não... Somos todos pertencentes a um só senso, se somos programados segundo as morais da sociedade que vivemos.
E pensando quase que filosoficamente, o que dizer do senso comum em relação ao mundo? Fiquei a imaginar se houve violenta separação entre o senso comum (conservador) e o cientifico crítico, como seria? Há como responder fazendo suposições, mas não dou certezas para não comprometer minhas ciências. O que bem acontece é que há dentro de quase todo ser os dois seres: o senso comum e o crítico. Há o momento em que o que lhe foi dado, ensinado, e vulgarmente adaptado é o fator que, mas se enquadra as exigências de determinadas ocasiões. Mas que em outros momentos não é cabível de simplesmente aceitar como coisas imutáveis, colocando os sujeitos como visionistas de uma linha estabelecida e amarrando os membros aos pauzinhos à cima.
Enquanto o senso comum vai se moldando e conservando seus méritos em latinhas, o fator crítico vai tendo mais mecanismos de estudo. E se estudado só em teoria, o social não vai aprender a outra linha porque o sociológico quase nunca se esforça para sair do papel.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Alcoolismo Adquirido


Acho tão engraçado quando a população desperta para um crescente e inacabável caos que são os nossos jovens alcoólatras. E sempre há o mesmo argumento de que isso é uma anomalia social. É social mesmo, e nossos jovens não são beberrões por acaso ou por acidente.
Em muitos núcleos familiares, reuniões e confraternizações ela quase sempre está presente, gelada ou quente, com gelo ou acompanhada a bebida alcoólica começa a se fazer presente na vida de muitas crianças desde seus primeiros aniversários. São os pais, os tios e amigos dos familiares que abriram a porta de casa para essa realidade. Se isso acontece, se o início desse fato se dar por nossos responsáveis, não seria um fato muito coerente achar um absurdo que os jovens façam uso de tais drogas.
O que acontece nesse ponto é uma coisa simples, trata-se da formação de caracteres humanos. Exemplo disso: "se uma pessoa (recém-nascida) tem suas funções perfeitas, ou seja, nasce sem nenhuma deficiência é tirada de seu meio ainda bebê e passa a ser criada numa sociedade de mudos, certamente que seu poder de fala será um pouco atrofiado, e ela desenvolverá uma comunicação gestual.”
É o que acontece na nossa sociedade com jovens e o álcool. Se fossem criados em uma sociedade onde a prática de vida social não estivesse ligada as mesas de bar e as reuniões líquidas, certamente não teríamos um motivo para causar tanta polêmica. Mas o que acontece é, o convívio familiar ligado ao álcool provoca esse fenômeno tulmutuado do crescente numero de jovens em contato com as bebidas. Mas a culpa¹ nem sempre está ligada somente ao núcleo familiar.
É só olhar em volta, e tomar ciência da sociedade onde vivemos. Revistas, jornais, televisão, a mídia está muito bem sustentada pelas propagandas das indústrias de bebidas alcoólicas. A intenção do mercado de bebidas é comum a qualquer mercado, vender cada vez mais. Mesmo sabendo dos ricos que podem causar, o lado financeiro pensa mais alto, e eles usam de tudo para alcançar seus objetivos.
Jogam em suas propagandas a imagens dos seres descolados, de jovens amantes e felizes nas publicidades de várias bebidas. Dão à impressão de trazerem a tão sonhada sensação de liberdade, do poder pelo que se bebe, ai é onde se cai na armadilha alcoólica. Mesmo sabendo que bem nenhum isso trás, a mentalidade de alguns brasileiros parece ser banhada a umas doses e outras. É como dizia um professor que eu tive: "Tudo é motivo para beber. Se o Brasil ganha, bebe-se para festejar! Se o Brasil perde, bebe-se para lamentar!". Motivos é o que não falta, e nunca irá faltar.
¹Que fique claro o fato de eu não gostar de falar em culpa.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Whisky 20 anos




Brigada, Caicó! Por mais uma Festa de Sant'Ana que não decepciona.
Foto: Sites Kurtição e Sem Opção

de cima. 30/07 - AABB de Caicó com Forró Boca-à-Boca, Aviões do Forró e Forró dos Play's
a baixo. 31/07 - Iate Clube de Caicó com Forró du Bom, Chicabana e Forró do Muído.