quarta-feira, 21 de abril de 2010

Uma idéia genial

Lá pelo século XVIII no Brasil, surge a necessidade de interiorizar o país. Num bate boca entre Marquês de Pombal e o seu cartografo italiano Francesco Tosi Colombina surge essa idéia, mas pensando bem, deixa para depois, agora estamos sem tempo. A idéia dos dois é retomada pelos Inconfidentes e reforçada com a chegada da corte portuguesa na, até então, capital do Brasil, Rio de Janeiro. Mas, construir uma capital, agora não... deixa pra depois. E assim nossos brasileirinhos vão empurrando com a barriga criar uma capital.
Porém, eis que se faz menção, em 1822, ao nome de uma capital, talvez com medo de repressão pela possibilidade de ser mal entendido como contra a capital Rio de Janeiro, aparece em um folheto anonimo a idéia do nome que fundaria a capital... Brasília.
A primeira Constituição da República, de 1891, fixou onde seria construida a futura capital do Brasil
- Vamos botar bem no meio. Será uma grande representatividade.
Mas, continuaram deixando para depois, e empurrando com a barriga, até que Seu Jucelino decidiu arregaçar as mangas e fazer nascer o grande centro político que marcaria a história do Brasil. Brasília foi inagurada ainda incompleta, mas não importa, Jucelino tinha pressa, seguindo um plano urbanistico de Lucio Costa e um perfil arquitetonico de Niemeyer. Logo todos os orgãos públicos administrativos foram transferidos para nova capital, que só 10 anos depois estava em pleno funcionamento.
Palco de grande manisfestações populares, Brasília testemunhou uma série de eventos importantes em sua curta história. Concebida como exemplo de ordem e eficiência urbana, como uma proposta de vida moderna e otimista, que deveria ser um modelo de convivência harmoniosa entre as classes, Brasília sofreu na prática importantes distorções e adaptações em sua proposta idealista primitava, permitindo o crescimento explosivo desordenado, segregando as classes menos favorecidas nas periferias, e consagrando plano piloto para o uso e habitação das elites. Sua organização urbana não se revelou tão convidativa para um convívio social espontâneo como a de seus idealizadores.
Nesse período acho que cabe a observação de uma aprendiz das ciências humanas e sociais. Nas melhores das intenções englobar todos os tipos sociais como uma grande família seria o desejo de harmonia de muitos brasileiros. Nada mais genial do que criar uma cidade, uma vida em sociedade, e melhor ainda em ser uma capital que possa assim agregar as misturas etnicas que o Brasil possui. Isso na teoria. Na prática, para que a teoria se efetive, precisa-se antes de tudo de políticas sociais mais tolerantes, falo de ensinamentos, dentro de cada indivíduo, para a quebra de barreiras que separam os homens brancos, negros, índios, gays e religiosos. Por hora, todos sabemos que essa miscigenação brasileira não faz uma sociedade totalmente adepta de todas a diferenças. O que se passa em nossa nação é o velho conceito etnocentrico que ocorre desde os tempos que as primeiras caravelas portuguesas pararam por aqui.

Essa controversa desde o ínicio custou caro aos cofres públicos, uma quantia jamais calculada, o que esteve consideravelmente entre as causas de crises financeiras nacionais dos anos seguintes a construção. Projeto combatido por uns, aplaudidos por outros como sendo a resposta visionária e grandiosa ao desafio da modernização brasileira. A construção de Brasília teve, principalmente, grande impacto na integração da região Centro-Oeste à vida economica e social do país, mas enfrenta, como demais cidades brasileiras, problemas de habitação, emprego, saneamento, segurança etc.
Porém, a despeito de todas a polêmicas, Brasília se fixou como verdadeiro ícone da vida da nação, e também reconhecimento internacional, a partir de sua consagração como Patrímônio da Humanidade em 1987, sendo reconhecida como o maior projeto urbanístico-arquitetônico da história.

Feliz Aniversário, Brasília!

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