Doa a quem doer, mas essa crítica
é um retrato fatídico do que acontece hoje e que foi abordado pelo Sociólogo
francês, Pierre Bourdieu, desde meados da década de 70. No dia 13 do mês de
julho, o professor de Sociologia do ensino médio de escolas particulares
importantes da cidade de Natal/RN, Josemi Medeiros, levou para uma classe de
estudantes universitários (mas precisamente a minha classe), a convite da
Professora Drª Irene Paiva, do Departamento de Ciências Sociais da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, suas experiências com a prática docente. Josemi
convive com uma díade de cultura educacional ao ensinar não somente em escolas
particulares, mas também em públicas, onde nós sabemos que existe uma grande
discordância entre essas realidades.
Uma questão me inquietou bastante
em sua fala quando o professor colocou que muitas vezes tinha que tirar do
próprio bolso para dispor o material didático produzido pelo então
"professor pesquisador" aos alunos da rede pública de ensino.
Constantemente, a produção de material didático pelo professor coloca o docente
em contato direto com o âmbito da pesquisa, mas outro papel do professor foi o
que acometerá minha inquietação: o professor observador.
Bem sabemos que os professores
brasileiros não são dotados de cargos de altos salários, e imaginem como será
para um professor tirar de seus recursos para garantir a educação de jovens que
não possuem de altos recursos financeiros. O fato é que o professor de seu
âmbito de pesquisador tornou-se um observador ao ver que mesmo que os alunos da
rede pública se reconheçam como desprovidos de capital para o financiamento da
própria educação, ele pode perceber que os alunos revertem - na fala dos
próprios - o capital para consumo de elementos bem mais disseminados pela
mídia. Os jovens possuem celulares modernos, gastam com roupas e marcas e até
com festas e bebidas nos finais de semana. Esse comportamento me inquietou
quanto o papel do professor como instigador da conduta de disciplinamento e
comprometimento da cultura educacional e seus financiamentos pelo aluno. É
tirar de uma parte dos recursos do lazer pra a consciência de que a formação
educacional precisa de um esforço próprio para o consumo dos elementos escolares.
Segundo observações feitas pelo
próprio sociólogo, Pierre Bourdieu, as classes populares não dão a mesma
importância à formação educacional como os herdeiros do capital cultural,
evidenciando ainda o consumo dos elementos midiáticos. Os herdeiros dão sim,
uma importância maior ao consumo de elementos culturais, bem como a instituições
escolares e universitárias. Essa não é uma suposição imagética, que em meus
tempos de bolsista do projeto PIBID (Programa Institucional de Bolsas e
Iniciação à Docência), eu estranhava entrar numa sala de terceiro ano de ensino
médio e não encontrar alunos dispostos a prestar vestibular. Coisa que vivi
constantemente no ensino médio. E não que os alunos da rede particular não dão
a mesma importância aos elementos propagados pela mídia, mas os da rede pública
até onde eu vi dão relativa importância a esse tipo de consumo material,
educação está, quase sempre, em segundo plano.
Pensar essa perspectiva nos leva
a refletir, como o professor poderia então introduzir a consciência sobre a
cultura escolar, e mostrar aos jovens tudo sobre o disciplinamento com a
cultura educacional, responsabilizando os jovens de acordo com o comprometimento
e a consciência do interesse próprio do autofinanciamento?
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