sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Elizabeth no topo do mundo: LEILA DINIZ

"Toda mulher quer ser amada Toda mulher quer ser feliz Toda mulher se faz de coitada Toda mulher é meio Leila Diniz”


Quando conheci essa música de Rita Lee fiquei naquela: "Afinal, quem é Leila Diniz?" E lembro que quando conheci a história dessa mulher me encantei logo de cara. De Niterói para o mundo, Leila Diniz quebrou tabus de uma época em que a repressão dominava o Brasil; o primeiro grande escândalo que causou foi exibir sua gravidez na praia de biquíni e depois chocou o país dizendo: "Transo de manhã, de tarde e de noite".

Leila Diniz era considerada uma mulher a frente do seu tempo, um exemplo de mente aberta e liberal sem ser vulgar, era ousada e detestava convenções, e por isso foi invejada e criticada pela sociedade machista das décadas de 1960 e 1970 que até hoje insiste em se manter no poder. Era malvista pela direita opressora, difamada pela esquerda ultra-radical e tida como vulgar pelas mulheres da época.
Leila falava abertamente da sua vida pessoal sem nenhuma vergonha, e entre todas as entrevistas que deu a concedida ao jornal O Pasquim em 1969 foi a que causou maior furor no país onde além dos muitos palavrões ainda disse que “Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para cama com outra. Já aconteceu comigo." o que rendeu ao jornal altos índices de venda.
Depois dessa publicação foi instaurada a censura prévia à imprensa, conhecida como Decreto Leila Diniz. Logo Leila teve de se esconder no sítio do colega de trabalho e apresentador Flávio Cavalcanti por ser perseguida pela polícia política sob a acusação de ajuda
r militantes de esquerda. Alegando questões morais a Rede Globo não renova o contrato de Leila como atriz que de acordo com Janete Clair "não haveria papel de prostituta nas próximas novelas."
Meses depois Lei
la reabilita o teatro de revista e começa uma curta e bem sucedida carreira de vedete. Morreu em um acidente aéreo em 14 de julho de 1972, aos 27 anos, no auge da fama quando voltava de uma viagem pela Austrália. Marieta Severo e Chico Buarque de Hollanda cuidaram da sua filha, Janaína Diniz Guerra.

Leila Diniz, A Mulher de Ipanema, defensora do amor livre e do prazer sexual é sempre lembrada como símbolo da revolução feminina, que rompeu conceitos e tabus por meio de suas idéias e atitudes.

"Sem discurso nem requerimento, Leila Diniz soltou as mulheres de vinte anos presas ao tronco de uma especial escravidão."

- Carlos Drummond de Andrade



domingo, 23 de janeiro de 2011

Cultura Carnavalesca Caicoense

[adaptado]
BLOCO ALA URSA DO POÇO DE SANT'ANA

(BLOCO DO MAGÃO)
O carnaval da cidade de Caicó, desde os tempos mais remotos, sempre foi uma grande manifestação da cultura regional. A origem do "Bloco Ala Ursa do Poço Sant'Ana", surgiu da necessidade de não deixar morrer um dos Pontos turísticos de Caicó, que é o "POÇO DE SANT'ANA", como também o carnaval de rua, popularmente conhecido como "Bloco do Lixo", tendo como seu idealizador uma das pessoas mais conhecidas da nossa cidade: "Magão" (Ronaldo Batista de Sales), juntamente com seus fundadores: Jacob Batista, Mário Ferreira, Pedro Dias, Babi, Paraná, Tião, Inácio, Nego de Lolô, Irenaldo, Joca Pipiu, Bobó, Nego Alberto,Marco Antônio, Laércio Batista e Gilberto Anísio.


O movimento carnavalesco foi constituído com o intuito de resgatar o Poço de Sant'Ana e o Carnaval de Rua de Caicó. Aqui, vem as lembranças arrojadas desses fundadores idealistas, que pautaram suas idéias no folião Genival Maleiro, pioneiro do "Bloco do Lixo", que divertiu por décadas a sociedade Caicoense.

Atualmente, o Bloco Ala Ursa do Poço de Sant'Ana arrasta multidões pelas principais avenidas da cidade, não apenas em épocas carnavalescas, mas em todas as festas folclóricas de nossa cidade. Há 20 anos, o Bloco Ala Usa do Poço de Sant'Ana, sai pelas ruas de Caicó, com burrinhas, bonecos folclóricos, papangus, ursos e personagens diversos, confeccionados pelos artistas da própria comunidade, transformando realidade em fantasia, sonho em desejo, tristeza em alegria. Mas, para animar o povo, é necessária a música. O desfile se faz acompanhado da orquestra de frevo do Magão, com um repertório de marchinhas, que relembram os antigos carnavais, com os seus componentes com irreverência, criatividade, fazendo a alegria do nosso povo.




No passado, os blocos de rua desfilavam sob a batuta dos maestros: Bedé e Manuel Paulo, hoje sob a orientação de outros maestros colaboradores que brincam, sopram e batucam, fazendo a composição musical do carnaval de rua de Caicó. Caicó é uma sociedade festiva por natureza, apreciadora das tradições culturais e religiosas. No ruflar dos bombos e sopro dos instrumentos, nos gritos estridentes do folião, no sorriso aberto dos expectadores, no espírito coletivo - o desprendimento de todos em passeata pelas ruas, você mergulhará no passado, e trará ao presente as figuras folclóricas/ culturais: Manuel de Nenê, Maria Preta, Bolo Bolo, Manga Rosa, Barrão 70, Joaninha Pecadora, entre outros. A folia é aqui!


Cresce a cada ano, o tradicional Carnaval Caicoense, onde, além da euforia de muitos blocos, destaque especial para o Bloco Ala Ursa Poço de Sant'Ana, que mistura um pouco de cada ritmo existente nos grandes carnavais brasileiros, desde as mais antigas marchinhas. Atualmente, o Bloco conta com muitos colaboradores, dentre eles o CDEAL MANDACARU - Centro de Desenvolvimento de Empresários Administradores Líderes, de nossa região, uma instituição não governamental, sem fins lucrativos, que tomando conhecimento das grandes dificuldades que afetava o bloco, resolveu mobilizar toda a sociedade caicoense, para juntos promovermos o melhor carnaval de rua da nossa região. O Bloco do Magão também conta com o apoio do Poder Público Municipal. Em 2007, o atual prefeito de Caicó, Bibi Costa, disponibilizou uma ajuda de R$ 30 mil reais para o Bloco Ala Ursa do Poço de Sant’Ana, fato este que mereceu elogios por parte do Magão.




Por tudo isto, o Bloco Ala Ursa do Poço de Sant'Ana, agradece de público, a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuem para o sucesso do nosso carnaval.
Bloco Ala Ursa do Poço de Sant'Ana – o Bloco das multidões.

Estimativa:
Com o crescimento, ao longo dos anos, o número de foliões aumentou significativamente e segundo a estimativa do corpo de bombeiros de Caicó, o bloco já arrasta mais de 20 mil foliões pelas ruas da cidade. O que realmente se pode observar é um verdadeiro "mar de gente".
Após o trajeto do Bloco Ala-Ursa do Poço de Sant'Ana, bandas de instrumentais ficarão animando os foliões e familiares, no quartel general do Magão, nas proximidades da Praça da Liberdade.



Fontes: http://carnavalemcaico.com.br e http://tvserido.com

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Elizabeth no topo do mundo

Uma paisagem de outono, mas as árvores nem estão por láSó ela sozinha, e o vento que se mistura trazendo as notícias do norte
Ela viaja tranqüila, procurando o mundo ao qual nem pertence e que iria lhe fazer soberana

Saída do nada, não era ninguém
E respirava tudo aquilo que lhe dava razão
Tudo aquilo que do nada lhe traria glória.


Inspirada na obra de Jane Austen, quero dizer que começará em Pasárgada uma nova série de postagens relativas a outras Elizabeths que alcançaram posições de destaque e que um dia chegaram ao tão reconhecido topo do mundo. Uma série sobre as mulheres (religiosas, políticas, artistas, criminosas e etc.) que por suas posições sociais, e seus feitos, fizeram história e colaboraram de alguma forma com o curso da humanidade.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Os Indiferentes

(Antonio Gramsci, 11 de fevereiro de 1917)

"Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel acredito que "viver significa tomar partido". Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.

A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes, os leva a desistir de gesta heróica.

A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se fica a dever tanto à iniciativa dos poucos que atuam quanto à indiferença, ao absentismo dos outros que são muitos. O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça quanto porque a massa dos homens abdica da sua vontade, deixa fazer, deixa enrolar os nós que, depois, só a espada pode desfazer, deixa promulgar leis que depois só a revolta fará anular, deixa subir ao poder homens que, depois, só uma sublevação poderá derrubar. A fatalidade, que parece dominar a história, não é mais do que a aparência ilusória desta indiferença, deste absentismo. Há fatos que amadurecem na sombra, porque poucas mãos, sem qualquer controle a vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva, e a massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões limitadas e com fins imediatos, de acordo com ambições e paixões pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens não se preocupa com isso. Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície; o tecido feito na sombra chega ao seu fim, e então parece ser a fatalidade a arrastar tudo e todos, parece que a história não é mais do que um gigantesco fenômeno natural, uma erupção, um terremoto, de que são todos vítimas, o que quis e o que não quis, quem sabia e quem não sabia, quem se mostrou ativo e quem foi indiferente. Estes então zangam-se, queriam eximir-se às conseqüências, quereriam que se visse que não deram o seu aval, que não são responsáveis. Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas nenhum ou poucos põem esta questão: se eu tivesse também cumprido o meu dever, se tivesse procurado fazer valer a minha vontade, o meu parecer, teria sucedido o que sucedeu? Mas nenhum ou poucos atribuem à sua indiferença, ao seu cepticismo, ao fato de não ter dado o seu braço e a sua atividade àqueles grupos de cidadãos que, precisamente para evitarem esse mal combatiam (com o propósito) de procurar o tal bem (que) pretendiam.

A maior parte deles, porém, perante fatos consumados prefere falar de insucessos ideais, de programas definitivamente desmoronados e de outras brincadeiras semelhantes. Recomeçam assim a falta de qualquer responsabilidade. E não por não verem claramente as coisas, e, por vezes, não serem capazes de perspectivar excelentes soluções para os problemas mais urgentes, ou para aqueles que, embora requerendo uma ampla preparação e tempo, são todavia igualmente urgentes. Mas essas soluções são belissimamente infecundas; mas esse contributo para a vida coletiva não é animado por qualquer luz moral; é produto da curiosidade intelectual, não do pungente sentido de uma responsabilidade histórica que quer que todos sejam ativos na vida, que não admite agnosticismos e indiferenças de nenhum gênero.

Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura que estamos a construir. Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir do pouco bem que a atividade de um pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu o seu intento.

Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes."