terça-feira, 21 de setembro de 2010

A falência juvenil


Entre todas as séries de TV que assisto, ou já assisti (Gilmore Girl's, Bones, Friends, White Collar, V, Californication, Glee, The Big Bag Theory, 24h) The O.C. com certeza é uma que me prende e que eu cultuo até hoje. Produzida pela Warner (5 de agosto de 2003), The O.C. vai além do fato de ser uma série americana sobre adolescentes e uma vida da elite de uma pequena cidade da Califórnia.
Se assistida sempre levando em conta as várias temáticas que a série aborda (diferenças de classes sociais, adolescentes problemáticos, drogas, sexualidade, violência e valores familiares) a série vai se tornando uma bola de neve de uma realidade séria, sendo além de meras "picuinhas" de um retrato do entretenimento televisionado.
Estou revendo a série, e também alguns comentários dos internautas sobre a mesma. E o que mais me chamou a atenção são os comentários com respeito a personagem Marissa Cooper (Mischa Barton). Adolescente popular, vinda de uma família da elite de Newport Beach, Marissa tem tudo para seguir a diante uma vida de ascensão social. Mas a realidade muda e desmorona até nas melhores famílias. Jimmy e Julie Cooper não fazem muito bem o papel de pais exemplares para Marissa, e é em casa que ela começa a decair.
Envolvida com drogas, Marissa Cooper protagoniza um dos maiores dilemas da vida adolescente: não ter estabilidade emocional para combater os dilemas que a vida trás. Os telespectadores apenas fazem comentários ridículos denegrindo uma imagem já denegrida, sem muitas vezes ver o que há por trás dela. Não é só ter bens materiais e uma vida de princesa que uma pessoa viverá no país das maravilhas, Marissa é um exemplo de que todo o materialismo não ensina as pessoas questões sobre valores humanos. Talvez por isso desagradasse tanto.
Vivendo numa família de fachada e cheia de mentiras, a personagem de Mischa Barton, que deveria está aprendendo a como lidar com a popularidade e achando que a vida é uma maravilha, vê seu castelo ruir quando descobre um pai falido e uma mãe extremamente consumista que não consegue equilibrar a estrutura familiar quando descobre que o poder financeiro veio abaixo.
Rodeada de mentiras, sujeita a muitas liberdades e vários tipos de relações desestruturadas, Marissa, como todo adolescente frágil e inexperiente não consegue aceitar a situação com maturidade que não lhe foi ao mínino ensinada. Ela recorre ao que muitos jovens em quaisquer classes sociais recorreriam se não possuem uma estabilidade psicológica: aos escândalos. Rebeldia com doses de revolta, revolta com doses de drogas.
Marissa Cooper não fez o papel da mocinha chorona e chata como muitos pensam, ela é o exemplo do que quero chamar de falência juvenil. O poder financeiro muitas vezes trás aos jovens muitas liberdades, e estes aceitam seus cartões de créditos ilimitados e, acostumados a vida dos prazeres capitais, se tornam pessoas frágeis. A porta dos escândalos se abre e o mundo que lhe espera quando a maturidade chega de repente com a noticia da falência é justamente o da decadência pessoal.
Isso acontece em várias famílias, onde, quando o jovem não é ensinado a agir com maturidade qualquer mudança de vida é porta aberta para o declínio social. Na moderna vida em que estamos sujeitos, muitas vezes os valores humanos são postos em segundo plano quando a força capitalista se faz presente. Os valores materiais se sobrepõem e assim, algumas famílias abrem mão de uma educação firme por uma felicidade visada ou mastercardizada. E de fato, quando os valores socioeconômicos são atacados (aqueles que foram colocados como prioritários a uma vida feliz) a organização familiar, se for estruturada apenas por valores materiais, vem a baixo.
Marissa Cooper protagoniza essas fases da vida de alguém que não foi ensinada a ter uma estabilidade emocional. Enquanto era alguém pertencente às boas imagens da high society não passava da garotinha fútil, e quando o casamento dos seus pais começou a ser abalado assim como a união da família ao qual pertencia (até então unida pelos valores capitalistas) teve que aprender sozinha a lhe dar com uma realidade da vida além daquela de prazeres financeiros. Isso explica os abalos e os escândalos não só da personagem, mas de muitos indivíduos que tem que aprender de repente os valores humanos de uma vida sem altos valores econômicos.

3 comentários:

  1. Tudo que foi dito eu assino embaixo!!!! :D

    Eu só assisti até a 2 temporada de The O.C. porque não tive mais saco pra companhar. Não sei explicar, simplesmente ficou chato.

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  2. Justo, terceira temporada muitos dos espectadores denominam de chato pq deu foco a personagem de Marissa Cooper e seus muitos dilemas... a quarta, uma tentativa de salvar a série sem ela, foi um fiasco de audiencia.
    Mas ela era peça chave da trama, o erro do autor foi só ter focado todos os dilemas nela.

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  3. Eu também curtia muito esse seriado. Uma série que discuti muito essas diferenças entre classes sociais que gosto muito é Gossip Girl.

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