quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Ostracismo a lei do masculino


Dada a realidade da supremacia do poder masculino, onde o trunfo da jogada está no fato de "ser homem", nossas mulheres buscam demais sua autonomia e independência, mas dispostos sobre um dilema social de Florestan Fernandes, como nos lançarmos a essas exigências das liberdades modernas sem nos desapegar daquilo tradicional?
Ser homem hoje em dia não justifica muita coisa, mas quando algumas de nossas mulheres se prendem a essas concepções para justificar as ações da realidade, há então um retrocesso de todo o pensamento de liberdade e autonomia feminina, onde as mulheres só reafirmam uma tese Beckerana de que: os homens impõem as leis não apenas dos homens, mas definem e determinam as situações e comportamentos também ao feminino. E estando então as mulheres desobedecendo aos parâmetros e mandamentos das leis do masculino sobre o feminino, estarão passíveis a qualquer tipo de ostracismo social.
Não desempenhando o papel de um discurso feminista, mas a principal equivalência da autonomia feminina só funcionará quando aplicarmos nas práticas sociais tudo que defendemos em tese. O "ser homem" hoje justifica realmente a liberdade de quais práticas sociais se não aquelas que já estão por demais obsoletas? Isso porque mulheres hoje já atingiram a autonomia necessária em campos que até pouco tempo eram encarregados aos homens, as campanhas de igualdade de gênero estão se dissipando, e seus níveis estão ganhando cada vez mais discípulos. Porque enquanto mulheres continuarem aceitando passivelmente as possibilidades de expansões sobre a justificativa do "pode, porque ele é homem!" só está assim afirmando a retrograda soberania machista, elevando o ego que violenta a modernidade, as liberdades e os direitos.
Avanço social, avanço da autonomia feminina, só finalmente se concretizará quando os princípios da premissa testosteronica finalmente pararem de ser consideradas e usadas como justificativa para os atentados as liberdades de gênero, aos direitos enfim iguais, sejam nos campos profissionais, pessoais e até no lazer. Onde os seres masculinos podiam ir e vir livremente e os demais eram os considerados intrusos do meio, e passíveis de ostracismo, hoje já se ver uma pequena manifestação de emancipação sobre os principais desfrutes da vida urbana.
Enfim, aos poucos se libertando das concepções machistas e das justificativas de que "ele pode porque ele é homem!" podemos enfim falar e prover da liberdade entre gêneros, da despudorização dos atos, e da esperada justiça social.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Ensaio sobre Crítica da Arte Urbana


Há um abismo realmente entre arte e pichação. Sendo ambas expressões contemporâneas, o que o senso comum entende talvez por arte urbana? A pressa do cotidiano, a venda do que for ditado pela mídia muitas vezes condiciona as pessoas a apenas passarem sem se importar, não verem ou apenas entortar o nariz.
Há mais por traz do Stencil do que uma rebeldia que as pessoas gostam de afirmar. Expressividade, comportamentos, reivindicações, realidade e crítica. Quem não analisa uma arte e apenas olha sai por aí muitas vezes parafraseando um Zé Ramalho quando diz: "minha mãe certa vez disse-me um dia vendo minha obra exposta na galeria: meu filho isso é mais estranho que o cu da gia, e muito mais feio que um hipopótamo insone!"
Uma das famosas artes urbanas, moderna em sua essência, o stencil não deveria ser visto como um conteúdo vomitado e escarrado nas paredes, como se tudo fosse ao leo. Há muito mais conteúdo e muito mais realidade nessas expressões urbanas, diferente de quimeras e ilusões nas tentativas de se fazer uma maquiagem da vida. No stencil é tudo real no formato de manifestações políticas, sociais, econômicas e culturais. O pensamento condicionado e padronizado do senso comum só possibilita ver como apenas arte as expressões imaculadas, as realidades coloridas, e tudo o que for contra essas implicações das quimeras desejadas de um mundo bom é desconsiderado por uma elitização crítica da arte. Marginais, bandidos, maconheiros e delinqüentes de todas as espécies são os agressores do que não for belo.
Mas o negócio é que está aqui se realizando duas idealizações do mundo por meio de artes distintas, e a arte urbana quase nunca se esvazia de sentido por isso, retratando nas paredes da cidade o discurso visual das inquietações da realidade humana, seja por preço das passagens de ônibus até manifestações contra poderes que regem e constituem uma nação. A arte urbana vai se contextualizando por meio de angústias cotidianas, e seu tom crítico é assim muitas vezes mal interpretado, se equivalendo ao nível de poluição visual.

Quem faz esse tipo de manifestação é um artista assim, desprendido de tentar agradar apenas o público consumidor de ilusões. É o realista crítico, disposto a falar nas paredes o que os demais covardemente calam, consentem e engolem e criticam com seus preconceitos estúpidos.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Milagre humano

"A diferença decisiva entre as "impossibilidades infinitas", sobre as quais se apoia a vida humana terrestre, e os acontecimentos milagrosos no próprio âmbito das ocupações humanas está naturalmente no fato de que há, aqui, o feitor dos milagres e de que o próprio homem é, de um modo extremamente milagroso e misterioso, manifestante dotado para fazer milagres. Em nossa linguagem comum e bem usual, chamamos a esse dom de agir."

Hannah Arendt trouxe do campo ciêntífico político tudo o que meu ceticismo busca explicar. E só saindo com campo de ações políticas, que é o que Arendt propõe em "Será que a política ainda tem de algum modo um sentido?" é que procuro fortalecer a base da minha religião explicitamente egocêntrica.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Notícias da Bruzundanga

Made in #Facebook


Para quem não sabe, ontem, foi rejeitada a votação, o Projeto de Lei FICHA LIMPA, que impede a candidatura a qualquer cargo eletivo, de pessoas condenadas em primeira ou única instância ou por meio de denúncia recebida em tribunal em virtude de crimes graves, como: racismo, homicídio, estupro, homofobia, tráfico de drogas e desvio de verbas públicas.
A IMPRENSA FOI CENSURADA E ESTÁ IMPEDIDA DE DIVULGAR! PORTANTO, VAMOS USAR A INTERNET,PARA DAR CONHECIMENTO AOS OUTROS 198MILHÕES

terça-feira, 26 de julho de 2011

Prevendo com Guido

Algo parece que vem dando insônia ao Ministro da Fazenda, Guido Mantega, que se manifestou nessa terça-feira (26) preocupado com a situação da economia mundial, cujo maior calo atualmente é referente a dívida norte-americana. Uma coisa não é nova, é que segundo a concepção do ministro, a economia global se comporta como se existissem dois mundos, é justamente aquela velha geografia sócio-política e econômica que vemos no ensino médio, nas lições entre países desenvolvidos e sub-desenvolvidos. Essa distinção está sendo ainda assistida nos impasses atuais, porém, com uma pequena cambalhota de valores econômicos. É que nessa divergência entre mundo os considerados avançados hoje apresentam grandes dívidas e déficits expressivos, e os emergentes com altas taxas de crescimento.

Hoje, segundo o ministro, essa situação pode se estender a mais alguns anos pela baixa taxa de crescimento dos países ricos. O que aflige o ministro é que essa baixa pode enfraquecer as tentativas de aquecimento da economia, exceto para os países emergentes que serão apenas atrapalhados pela situação.




A crise assim então não terminou, apenas mudou de setor passando do privado para o público com o impacto da dívida dos países, como é o caso dos EUA e a crise na zona do euro, e ao que se parece não será resolvida nem tão cedo.




Nessa história toda o Brasil aparece de maneira positiva e bem preparado para enfrentar a crise graças a fundamentos econômicos sólidos e mercado interno estruturado, diferente dos países desenvolvidos, a economia brasileira, segundo Guido Mantega, já superou o período pós-crise e está desenvolvendo o fortalecimento fiscal.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Exercício de Democracia







"Democracia é oportunizar a todos o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, depende de cada um." (Fernando Sabino)

domingo, 3 de julho de 2011

Plano Real: legado de Itamar Franco

Entre 1992 e 1995 ele governou o Brasil, sua imagem pacata, tranqüila e até sonolenta de Itamar Franco como vice-presidente atraiu progressivamente a simpatia popular enquanto crescia o repúdio a Collor.
Além do respaldo político obtido pelo governo, a situação econômica do país dava alguns sinais de melhora. Não no que se refere à inflação que continuava sem controle, mas a questão da dívida externa. Como o Brasil foi o último dos países da América Latina a decretar a moratória, precedido pelo México e pela Argentina, as dificuldades iniciais desses países abriram caminho para uma moratória bem menos traumática.
A partir de 1989, os Estados Unidos haviam passado a defender e bancar o processo de securitização da dívida de países devedores, negociados normalmente no mercado internacional como outros papéis, com garantia do Tesouro norte-americano. Esse processo atingiu sua maturidade em 1994, durante o governo de Itamar Franco.
A progressiva queda das taxas de juros no mercado internacional fazia com que as transferências de capital do Brasil para os bancos credores diminuíssem sensivelmente, já que diminuíam os valores dos compromissos da dívida externa. A economia voltou a crescer, atingindo em 1994 uma taxa de quase 5% anuais, o melhor resultado desde o início dos anos 1980, excetuando-se em 86 o Plano Cruzado.
Em fevereiro de 1994, o governo anunciou o Plano Real, em mais uma tentativa de combater a inflação. Na realidade, a instituição de uma nova moeda era a última etapa de um grande programa de estabilização da economia, que estava sendo posto em prática desde dezembro de 1993 por uma equipe de economistas da PUC do Rio de Janeiro, e entre eles o ministro da fazenda, Fernando Henrique Cardoso.
Pelas novas regras monetárias, o real seria uma moeda forte e para isso contava com o fim da indexação, ou seja, o fim do repasse automático da inflação mensal para os salários, prestações, aluguéis e contratos em geral. Além disso a nova moeda estava vinculada ao dólar, o plano assim previa que a emissão de novos reais seria possível somente se existisse um volume equivalente de dólares nos cofres do Banco Central, ao mesmo tempo, mantinha-se o câmbio elevado: um dólar equivaleria a 90 centavos de real, taxa que realmente subiu para 1/1, ou seja, um dólar passou a equivaler um real.
A manutenção de uma taxa de câmbio equilibrada era garantida pelo Banco Central: quando a demanda por dólares crescesse no país (para o pagamento da dívida externa, por exemplo), ameaçando desvalorizar o real, o BC interviria no mercado de câmbio, vendendo grande quantidade de dólares e forçando uma queda em seu valor. O funcionamento do plano dependia da existência de grande reserva de dólares nas mãos do governo, que acontecia desde o início do plano, graças aos saldos favoráveis da balança comercial e ao abrandamento da crise da dívida.
Apesar do êxito imediato do Plano Real, seu prosseguimento dependia da manutenção das reservas de dólares e isso somente seria possível pela permanência de elevadas taxas de juros no país. Dessa forma, o capital internacional, circulando cada vez mais rapidamente e livre de obstáculos no contexto da globalização econômica, seria atraído para o país, como de fato ocorreu.
A especulação financeira cresceu enormemente, colocando em risco a valorização monetária nacional, e muitos passaram a considerar esse elemento o aspecto mais frágil do plano. Esse desafio foi enfrentado em 1994, quando uma forte desvalorização da moeda mexicana provocou um súbito afastamento do capital especulativo internacional não só daquele país, como também de outros países latino-americanos, como Brasil e Argentina, quase levando suas economias à ruína no chamado "efeito tequila". Por outro lado o Plano Real promovia uma nova rodada de abertura da economia às importações, ainda de acordo com os princípios do neoliberalismo. O governo defendia a abertura econômica como forma de baixar a inflação e aumentar a eficiência da industria nacional.
A curto prazo a abertura econômica foi realizada e a queda na inflação foi efetiva, embora o aumento da eficiência da indústria brasileira tenha ocorrido apenas de forma localizada. Maiores foram os efeitos negativos de tal política na indústria nacional. As falências começaram a se multiplicar e o desemprego aumentou. Paralelamente, a manutenção de elevadas taxas de juros no país inviabilizava a sobrevivência de empresas em dificuldades, acelerando ainda mais o processo de falências e desemprego. A situação recessiva forçava uma queda ainda maior da inflação, que o governo alardeava como prova do sucesso espetacular do plano.