Acalanto
A música na voz de Adrianna Calcanhotto por vezes me aninhava, é uma verdadeira canção de ninar. Sentia-me num plano esférico por muitas vezes feliz. Hoje toda vontade que eu tenho é escrever para meu acalanto como já fiz em um blog anterior que eu fiz. Uma verdadeira carta de amor.
A primeira declaração de amor da minha vida não foi uma serenata, nem uma casa lotada de rosas, mas veio de um homem como todos assim imaginam. Se por muitas vezes fui infantil em castigá-lo com gotas de indiferença, ele bem sabe que elas são todas falsas, mentirosas como atores e atrizes. Mas se já recebi uma declaração de amor, todos recebemos quase todos os dias, mas cabe a nós memorar aquela que será inesquecível, e quando me lembro da que ganhei eu às vezes me emociono e choro.
Não tinha flores, não tinha música, nem era um jantar a luz de velas. Não tinha anéis nem jóias, nem ursinhos com corações cafonas. Falar a verdade, a declaração de amor que eu vou levar para o resto da minha vida só era sorridente, e tinha a cara de uma promessa careca. Um dos dias mais felizes da minha vida é o dia que meu acalanto raspou os cabelos da cabeça para comemorar só uma de minhas várias e futuras conquistas. Quando me lembro dela eu penso em não desistir de desistir.
Acalanto vinha sorrindo de feliz, a conquista era minha que ele sentia com felicidade. Se teve lágrimas eu nem sei, mas as minhas vieram aos montes. No dia que recebi essa belíssima declaração de amor eu vi que pessoas são mais importantes na vida do que tudo, e é com a união e o apoio de pessoas e declarações de amor (não somente romântico, como foi meu caso) fazem da gente mais humanos.
O provérbio a união faz a força é bem válida para Acalanto, que crer realmente que tudo é bem visto juntos. Se por algumas vezes na vida tive inveja foi dele, por saber de coisas que eu nem sei, por guardar conquistas que eu nem tenho e por saber se levantar quando cair. Se Acalanto sofre ele nem diz, mas se sente algo ruim com certeza seu amor é bem forte para superar tudo.
Acalanto é bem recheado de sonhos humanos, é artista quando quer ser, é médico, pintor, motorista, mecânico, pedreiro quando tem que ser.
Eu só queria me desculpar se algum mal causei na vida do meu Acalanto, se o fiz sofrer. Queria agradecer a tudo que Acalanto me ensinou, a ser quem eu sou até nas minhas particularidades mínimas como o exemplo os gostos pessoais; Acalanto me ensinou a ser flamenguista, a ser a companheira petista. Quando sou forte em momentos é por ele.
No mais Acalanto me ensinou a ser humana, eis que seja a minha escola de vida. Eu nem gosto de vê-lo quando acordo, porque eu só acordo de mau humor e não bate com a disposição com que ele acorda todas as manhãs esperando da vida uma manhã melhor a ser vivida. Acalanto já disse que tinha orgulho de mim, e se alguma vez pensei em desisti de algo que gosto por algo que acho ser conveniente, não fiz por medo de talvez me decepcionar e na minha decepção decepcioná-lo.
Meu amor por Acalanto é mudo, eu às vezes me imagino sem ele e me ponho a chorar, e ele talvez nem saiba que quando a gente briga, eu choro também, quando ele fala alto eu choro escondido ou as vezes seguro a respiração contra a janela do carro. Tudo que busco na vida é procurando agradecê-lo, se minhas escolhas forem as erradas vão ter que virar certas a força para que eu possa retribuir todas as manhãs que pegou na minha mão e me mandou para a escola, por tardes decepcionantes com notas baixas no boletim. Eu estava falando ontem com amigos como me acho a imagem e semelhança dele, como temos gostos parecidos, e disse: “eu sou quase a copia dele”.
Às vezes quando andamos juntos a pé eu tenho vontade de segurar sua mão, mas me sinto grandinha demais para isso, mesmo que o pensamento seja de uma criança que precisa de proteção.
Se não o digo que o amo todos os dias é porque talvez nem seja o ser tão forte quanto eu penso que sou. Mas Acalanto sabe que não há nada de interesse nessa relação, tudo que quero para o meu futuro é poder confortá-lo como ele soube fazer a mim no passado. Aí de mim viver sem meu Acalanto, ao qual chamo carinhosamente de Fanfico.
Não queria um dia ter que ir embora sem dizer que eu te amo, companheiro, amigo, pai!